Epilepsia e Gestação: Mitos, Realidades e Cuidados Essenciais

29 abril, 2024

A epilepsia é uma condição neurológica que pode gerar preocupações adicionais durante a gravidez. É natural que surjam dúvidas e preocupações sobre como a epilepsia pode afetar a gestação e o bebê. No entanto, com o acompanhamento médico adequado e alguns cuidados especiais, é possível ter uma gravidez saudável e segura, mesmo com epilepsia.

Mitos

Um dos mitos mais comuns sobre epilepsia e gestação é que mulheres com epilepsia não podem engravidar ou que a gravidez é extremamente arriscada para elas e para o bebê. No entanto, estudos e experiências clínicas demonstraram que muitas mulheres com epilepsia podem ter gestações bem-sucedidas e bebês saudáveis.

Outro mito é que todas as drogas por epilepsia são prejudiciais ao feto. Embora algumas drogas possam aumentar o risco de certas complicações, como malformações congênitas (e o Ácido Valpróico é o exemplo maior dentre as medicações de risco), é importante entender que nem todas as drogas têm o mesmo perfil de segurança. A Lamotrigina, por exemplo, é considerada uma droga segura, embora exija um ajuste gradual da dose. O acompanhamento médico especializado é fundamental para avaliar os riscos e benefícios de continuar ou ajustar o tratamento durante a gestação.

Realidades

É verdade que a gravidez pode afetar a epilepsia de algumas mulheres. Algumas podem experimentar uma diminuição nos episódios de convulsões durante a gravidez, enquanto outras podem notar um aumento. O acompanhamento próximo com um neurologista (idealmente desde antes de engravidar!) é fundamental para monitorar qualquer alteração na condição e ajustar o tratamento, se necessário.

Além disso, é importante estar ciente de que certos fatores associados à gravidez, como falta de sono, estresse e mudanças hormonais, podem desencadear convulsões em mulheres com epilepsia. Portanto, medidas de planejamento e gerenciamento do estresse e do sono podem ajudar a minimizar o risco de convulsões durante a gestação.

Cuidados Essenciais

Para garantir uma gravidez segura e saudável, as mulheres com epilepsia devem seguir algumas orientações importantes:

  1. Consulta Pré-concepcional: É recomendável que as mulheres com epilepsia discutam seus planos de gravidez com um neurologista antes de engravidar. Isso permite uma avaliação completa do tratamento e a possibilidade de ajustes ou até trocas por completo das medicações, quando necessário.

  2. Suplementação de Ácido Fólico: A suplementação de ácido fólico é recomendada para todas as mulheres em planejamento gestacional, mas pode ser especialmente importante para aquelas com epilepsia, pois esta substância exerce um papel importante de proteção na formação embrionária, minimizando também eventuais riscos do tratamento antiepilético.

  3. Acompanhamento Pré-natal Regular: O pré-natal regular é essencial para monitorar a saúde da mãe e do bebê. É importante informar o obstetra sobre a epilepsia e as drogas em uso para garantir um cuidado coordenado.

  4. Monitoramento da Droga: O neurologista pode precisar ajustar a dosagem das drogas antiepilépticas durante a gestação para garantir um equilíbrio entre o controle das convulsões e a segurança do bebê.

  5. Plano de ajuste das Drogas pós-parto: É comum que os ajustes progressivos das dosagens durante a gestação exijam um ajuste de redução imediatamente após o parto, dado o retorno gradual ao estado metabólico pré-gestacional.

É essencial lembrar que cada caso é único, e o acompanhamento médico especializado é fundamental para garantir uma gestação segura e saudável para mulheres com epilepsia.

Se você está grávida ou pretende engravidar e tem epilepsia, não hesite em buscar apoio de um Neurologista. Com os cuidados adequados, é possível desfrutar de uma gravidez feliz e saudável, minimizando riscos para mãe e

 

Nem tudo que treme é Parkinson; Nem todo Parkinson treme.

24 abril, 2024

Nem tudo que treme é Parkinson

Quando sentimos um tremor em nosso corpo, é natural que nossa mente instantaneamente associe isso ao Parkinson. No entanto, é fundamental compreender que há uma variedade de condições que podem causar tremores, e nem todos os tremores indicam a presença da Doença de Parkinson.

O tremor essencial é uma das principais condições a serem consideradas nas síndromes tremulantes. Este tipo de tremor pode se manifestar de forma independente, sem outros sinais de Parkinsonismo, e muitas vezes apresenta características distintas do tremor associado à Doença de Parkinson. Este tem uma tendência mais à simetria entre os dois lados do corpo, ocorre normalmente "em ação" quando realizamos tarefas específicas como escrever ou carregar um copo e, em muitos casos, ocorre desde a infância e adolescência. As vezes há uma natureza familiar do quadro, ocorrendo em um dos pais ou sendo visto nos irmãos.

Além do tremor essencial, existem outras condições que podem causar tremores, como distonia e tremor fisiológico (causado por ansiedade, cafeína, frio ou exercício físico).

Portanto, se você notar um tremor em seu corpo, é essencial consultar um neurologista para uma avaliação completa e precisa, para determinar a causa subjacente e desenvolver um plano de tratamento adequado.

Nem todo Parkinson treme

É um equívoco comum acreditar que todos os pacientes com Parkinsonismo apresentam tremores. Na realidade, alguns pacientes com quadros de Parkinsonismo, incluindo a Doença de Parkinson, podem preencher os critérios diagnósticos mesmo na ausência de tremor.

A Doença de Parkinson apresenta uma ampla variedade de apresentações clínicas. Enquanto o tremor é um sintoma característico para muitos pacientes, outros podem manifestar-se predominantemente com rigidez muscular, lentidão nos movimentos ou instabilidade postural, entre outros sinais.

É importante reconhecer que o Parkinsonismo não se limita a um único tipo de sintoma. Existem diferentes formas de apresentação da doença, desde formas mais tremulantes até formas predominantemente rígidas e acinéticas. Cada paciente é único, e o tratamento deve ser adaptado às necessidades individuais, levando em consideração a apresentação clínica específica de cada caso.

Portanto, se você ou um ente querido foram diagnosticados com Parkinsonismo, mas não apresentam tremor, saibam que isso não é incomum. O acompanhamento médico adequado e o tratamento personalizado podem ajudar a gerenciar os sintomas e melhorar a qualidade de vida.